Árvores grandes são primeiras vítimas de estiagens extremas

arvores grandes sao primeiras vitimas de estiagens extremas 1  2015-10-13104935A equipe de quatro pesquisadores realizou uma análise global de como florestas respondem a secas utilizando dados de inventários já revisados e publicados de 40 eventos de estiagem em 38 florestas ao redor do globo. Em todos os casos, árvores grandes mostraram uma desaceleração na rapidez de crescimento, e a mortalidade associada a secas aumentou de acordo com o tamanho dos espécimes em 65% das estiagens examinadas.

“Isso nos mostra que essa realmente é uma tendência bem geral”, observou Kristina Anderson-Teixeira, cientista da equipe do Instituto Smithsonian de Biologia da Conservação e do Instituto Smithsonian de Pesquisa Tropical e autora sênior do artigo. “Isso nos diz que princípios biofísicos tornam secas mais duras em árvores de grande porte”.

Física e gravidade são fatores com que árvores grandes têm de lidar. Imagine tentar sugar água por um canudo de um metro e meio de comprimento em vez de apenas alguns centímetros, comparou Nathan McDowell, pesquisador da Divisão de Ciências da Terra e do Meio Ambiente do Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México.

“Quando se é mais alto, é mais difícil sugar água”, resumiu McDowell, um dos coautores do artigo. Na realidade, árvores grandes fazem muita coisa por um ecossistema florestal que suas congêneres menores não podem fazer, salientou. Algumas espécies animais, como a coruja-pintada, só vivem em árvores grandes. Elas também propiciam sombra ao ecossistema florestal e mantêm a vegetação rasteira mais fresca e úmida.

Além disso, árvores de grande porte também capturam uma quantidade desproporcional de dióxido de carbono (CO2), tornando-as potenciais dádivas na batalha contra a mudança climática. Os autores descobriram que quando árvores são expostas a secas, os espécimes estressados pelo clima não só são menos propensos a absorver tanto carbono, mas quando morrem, liberam grandes quantidades do gás armazenado na atmosfera.

“Plantas não podem ir a lojas de conveniência locais para obter algo para beber; elas estão presas ali”, comparou McDowell. “O modo como lidam com condições de seca [está] intimamente associado a seus estômatos; furos em folhas que permitem o escoamento de água e a captura de CO2”.

25 milhões de árvores mortas

A metáfora equivalente seria se um humano pudesse parar de suar quando a água estivesse escassa, acrescentou. A compensação, no entanto, é que, se uma árvore fizer isso por um período prolongado de tempo, ela começa a não ter mais carbono, ou a experimentar o que é chamado “privação de carbono”. Cientistas acreditam que árvores não morrem por falta de absorção de carbono, mas que, em vez disso, essa deficiência enfraquece suas defesas e as torna mais suscetíveis a predadores como gorgulhos, ou besouros de casca de árvores.

No início de outubro, autoridades da Califórnia informaram que o número de árvores mortas no estado atingiu fantásticos 25 milhões como resultado da seca e de doenças exacerbadas pela falta de água (Greenwire, 28 de setembro). Pelo menos 12 milhões de árvores californianas foram mortas à medida que gorgulhos se aproveitam de seu estado debilitado. O estudo também ressalta que esses insetos preferem árvores de grande porte.

William Anderegg, fellow de pós-doutorado no Instituto Ambiental Princeton, que não esteve associado à pesquisa, avaliou que o artigo apresentou dados preliminares interessantes sobre como árvores maiores parecem mais vulneráveis a secas.

“Entender quais árvores na floresta são mais vulneráveis e estiagens é bastante importante para entender se [elas] continuarão agindo como fortes sumidouros de carbono em um clima rapidamente mutante”, declarou ele em um e-mail.

Seu próprio trabalho, inclusive um estudo publicado em julho no periódico Science, constatou que florestas absorvem menos carbono durante quatro anos após uma seca.

Anderegg acrescentou que o artigo foi valioso, mas representa uma amostragem de pequeno tamanho e que são necessários mais estudos.

McDowell observou que o artigo se soma a um volume crescente de ciência que está alimentando preocupações com árvores idosas e de grande porte. Embora algumas estratégias de manejo florestal possam ser úteis, como o desbaste e a queima controlada em locais apropriados, essas são apenas medidas paliativas, salientou.

“Estamos prevendo que todas as árvores morrerão? Talvez sejam 80%”, avaliou. “A verdade inegável é que não podemos simplesmente limitar as emissões de CO2. Temos de parar completamente com as emissões de carbono. É bom que nossos governos estejam fazendo progressos, mas isso é apenas uma gota no balde”.

Amy Bennett, do Instituto Smithsonian de Biologia da Conservação e da Universidade do Novo México, e Craig Allen do Serviço Geológico dos Estados Unidos, também foram coautores do artigo publicado em 28 de setembro.

Fonte: Brittany Patterson e Climatewire em Scientific American Brasil

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