Estudo sobre a indústria medieval inglesa mostra pesado investimento em setas de besta Imprimir
Escrito por Bruno Mosconi Ruy   
Sáb, 10 de Agosto de 2013 14:38

Um novo estudo sobre a indústria militar medieval mostra que o governo real Inglês investiu pesadamente na compra de centenas de milhares de setas de besta por anos, revelando o quão importante era esta arma para os exércitos medievais da região.

No artigo, "Military Industrial Production in Thirteenth-Century England: The Case of the Crossbow Bolt", David S. Bachrach examina registros administrativos reais entre os reinados de Ricardo I e Eduardo I. Esses registros revelaram grandes despesas relacionadas à produção e encomenda de setas metálicas e hastes de madeira reforçada de fornecedores particulares. Alguns dos primeiros documentos mostram que o Rei João gastou somas significativas com a construção de oficinas para a confecção de munições e armamentos, bem como para a compra excedentes, quando necessário. Pelo menos seis oficinas reais, especializadas em bestas, foram estabelecidas durante o seu governo, e cerca de duzentas mil setas foram produzidas ou compradas.

No ano de 1224, o Rei Henrique III sitiou o Castelo de Bedford, previamente ocupado por Falkes de Bréauté e seus homens. O cerco durou oito semanas, e envolveu cerca de dois mil e quinhentos soldados. A chancelaria de Henrique teria ordenando que os regentes de Londres enviassem o maior número possível de setas para o campo de batalha. "No meio daquele ano", escreve Bachrach, "a Chancelaria enviou o pedido para Londres, ordenando que seis ferreiros trabalhassem sem parar, literalmente, concentrados na produção de setas e hastes reforçadas. Em oito dias, Londres foi capaz de produzir mais de três mil delas”. Três semanas mais tarde, no entanto, mais setas de bestas foram exigidas e posteriormente enviadas. Northampton, Oxford e Londres – somadas – despacharam mais de quinze mil.

Bachrach também é capaz de fornecer alguns detalhes sobre os profissionais que operavam nas oficinas reais, incluindo John Malemort, que começou a trabalhar para Henrique III em 1225. Malemort tornou-se supervisor de sua própria oficina em 1230, e serviu como Mestre de ferraria até 1278. Ele e seus assistentes tinham condições de produzir até cem setas de besta por dia.

Em relação ao reinado de Eduardo I (1272-1307), Bachrach anotou inúmeras referências à fabricação das mesmas setas. A produção atingiu seu clímax durante as campanhas galesas de 1282-4, quando quase seiscentas mil peças foram enviadas para as tropas inglesas no País de Gales. Bachrach complementa: “Os documentos deixam claro que o governo real comprou mais de um milhão de setas de besta para as campanhas galesas e escocesas. No entanto, esta pode ser apenas uma pequena fração do número total de setas produzidas nas quatro décadas do reinado. Os registros administrativos que temos à disposição, apesar de numerosos, representam somente uma pequena porcentagem do volume esperado de documentos que lidam com logísticas militares. No que concerne a Eduardo I, não é absurdo imaginar que a quantidade de bestas e respectivas munições possa ser contabilizada na casa dos muitos milhões”.

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