Pesquisadores iniciam busca pelos restos mortais de Ricardo III Imprimir
Escrito por Bruno Mosconi Ruy   
Qui, 30 de Agosto de 2012 11:02

A Universidade de Leicester e o Conselho da cidade de Leicester, em associação com a Sociedade Ricardo III, estão começando uma escavação arqueológica para encontrar os restos mortais do Rei Ricardo III, o único monarca Inglês cujo túmulo permanece desconhecido.

No último sábado, 25 de agosto de 2012 – cinco séculos após o sepultamento de Ricardo III em Leicester - o projeto histórico arqueológico começou com o objetivo de descobrir se o antigo Rei da Grã-Bretanha está mesmo enterrado no centro da cidade.

O monarca foi morto em 1485, às proximidades de Leicester, durante a batalha de Bosworth  - o último confronto importante da Guerra das Rosas, entre os Yorkistas de Ricardo e os Lancastrianos de Tudor. Seu corpo foi publicamente apresentado, e em seguida sepultado por uma Ordem local de monges franciscanos. Anos mais tarde, um túmulo especial foi construído dentro da Igreja destes mesmos monges. Henry Tudor, o vencedor de Bosworth, foi coroado como Rei Henrique VII e, em 1538, seu filho Henrique VIII rompeu relações com Roma. Igrejas e mosteiros foram demolidos, e a igreja de Ricardo não foi exceção.

Como Leicester floresceu e se expandiu entre os séculos XVII e XVIII, sobre a região franciscana da cidade foram erguidas inúmeras construções, e a localização original desta igreja perdeu-se abaixo delas (ainda que, até meados de 1612, um monumento honorário supostamente marcasse o túmulo de Ricardo). Liderados pelo Departamento de Arqueologia da Universidade de Leicester, pesquisadores farão um minucioso rastreamento desta região.

Richard Buckley, codiretor do Departamento de Arqueologia, disse: "Nosso objetivo principal é determinar o paradeiro da igreja onde o corpo de Ricardo teria sido enterrado. Apesar de ser um tiro no escuro, é um desafio ao qual nos comprometemos com muito entusiasmo. Há boas chances de descobrirmos diversos túmulos no perímetro marcado, com base em descobertas anteriores e na suposta posição documentada da igreja".

Por inferências, a pequena e dedicada equipe do projeto remapeou Leicester para identificar esta suposta posição - que atualmente sustenta um estacionamento para os escritórios do Conselho da cidade. O estacionamento será examinado em duas “trincheiras”, que serão cruzadas de acordo com o tradicional alinhamento das igrejas católicas. A equipe provavelmente não precisará cavar muito fundo, pois embora os túmulos estejam soterrados há mais de quinhentos anos, os estratos reais são bastante rasos. Escavações anteriores de Leicester mostraram que a “camada romana” da cidade tem menos de um metro de profundidade, e explorar além disto levaria os pesquisadores a um período muito distante do século XV.

Por menor que seja, essa é a primeira probabilidade genuína de que os restos mortais de Ricardo sejam localizados. Como o Rei obviamente não foi a única pessoa enterrada nos arredores, os especialistas farão uso da pesquisa genealógica do Dr. John Ashdown-Hill, autor de “The Last Days of Richard III”, que revelou um descendente direto da irmã de Ricardo e, portanto, teve acesso à sequência mitocondrial de seu DNA. Quaisquer restos humanos desenterrados serão postos sob quarentena, e geneticamente testados. Na eventualidade do Rei ser rastreado, terá início um intenso exercício de logística para fornecer-lhe um funeral condizente à sua condição de monarca ungido da Inglaterra.

Philippa Langley, da Sociedade Ricardo III, também é uma das orientadoras por trás do projeto. Ela acrescenta: "Após a derrota em Bosworth, a reputação de Ricardo foi absolutamente depreciada nas mãos de seus adversários e sucessores, os Tudors. Nosso desafio está em descobrir a verdade além destes mitos, uma oportunidade de ouro para aprender mais sobre a Leicester medieval”.

Piara Singh Clair, da secretaria de Lazer, Cultura e Esportes da cidade, complementa: "Ricardo III é uma figura-chave da História inglesa. Esta é uma excelente chance de revelarmos a peça que falta em um de nossos maiores quebra-cabeças históricos".

Fontes: 01 e 02.

Última atualização em Qui, 30 de Agosto de 2012 11:12